digo a quem quiser ouvir:
dos meus vícios cuido eu.
essa pele que eu tenho tão perto dos meus olhos deixa as minhas mãos calejadas, imóveis.
não consigo pegar e dizer que quero que me tenha,
que quero que me acabe,
que quero que me mate.
Outras vozes permitem que eu abra a janela e me jogue, mas e o portão do bosque, ainda está aberto?
Queria um último buquê de margaridas, uma última rosa de hiroshima, uma tulipa lilás e um vaso de violetas amarelas. Uma xícara de café não me faria tão mal, melhor ainda se viesse acompanhada de uma dúzia de barras de chocolate com castanha e três trufas de maracujá. Não se esqueça da minha dose de vodca polonesa, dos meus sapatos turcos, da minha luva francesa, dos meus óculos ingleses e da grama verde de Amsterdã.
Peça emprestada as vestes do Papa, a coroa de espinhos de Jesus e as cinzas de vítimas do holocausto. Traga incensos de maçã verde, pratos gregos, mulheres portuguesas e homens italianos.
Exijo que todos os corpos permaneçam nus, em contato extremo, como se o amanhã tivesse sido apagado.
Alugue o Palácio de Versalhes e providencie uma corda amarrada no vão central. Violinos e harpas envenenadas serão tocadas pelos meus melhores amigos e quero que todos estejam vestidos com saias brancas.
Ao meu sinal,
gostaria de uma salva de palmas durante três anos consecutivos
Ao meu sinal,
gostaria de uma salva de palmas durante três anos consecutivos
e depois
e depois
e depois
queime o meu corpo e apague a minha história.
- Não me perturbe com falsas suposições de que algo possa dar errado e de que coisas simples como essas não possam ser adquiridas. Eu preciso e Eu mereço.