sábado, 30 de outubro de 2010

sauda

Eu não me importo, vocês todos estão iguais a mim.
Riam o quanto quiser, sou o seu espelho refletido em nove cordas.
Mastiga a roupa, tira a alma, vende a palma.
Funções equivalentes intransferiveis, nao?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Psico a dois

Pela inocência de uma menina e de um menino.



Transpasso o seu traço.
Renego os teus passos.
Não posso aos amassos,
encontrar os teus abraços.

A distância não é física.
Nem todo copo fica cheio,
todo copo é fixo.

E o menino encaracolado, e travesso, desmonta de seu sublime cavalo.
Deveria ser diferente,
ou apenas uma inércia?

Camiseta rosa azul espalhando vírgulas por aí,
quanta igualdade,
quanta mesmice!

- Anule o seu padrão.

Volte a ideia fixa:
anule os laços,
junte aos rasos.

O universo volta aos vínculos,
ou apenas as "menas" (aos erros).

Desfaço o que faço, e você - um tanto palhaço - desliza por pregos e bananeiras.

- E eu?

Eu perdido nessa psique intrasigente.
Eu decidido a andar feito um animal,
um ser diferente de nós.

Esse nós que nunca sequer existiu.

Agora a terra enterra como simples moléculas desordenadas,
num passo de tempo-espaço,
sem mais maços.

- Desfaço os laços,
sobreponho o aço.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sorria para a foto, senhor


Já se mistura no meio das respostas para a pergunta maldita.
Justaposta no local indigno repleta de moscas ao redor.
Dois por cento de chance, e nada mais.
Confetes coloridos contemplando uma vida que se foi.
Ossos sendo colocados à superfície novamente.
Lígia acordará do sonho encantado.
Olhos cheios de sangue, lágrimas de solidão.
Pessoa intolerante, grossa e estúpida.
Espelho meu.

Faço da minha vida, a sua obra dramática.
Recebo das mãos alheias o seu suor.
Não consigo me comover.
Tanto trabalho em vão.
Vergonha é a sua vida, tão pobre.
Venha arrastando, beije meus pés.
Durma no frio, morra de fome.

Não me procure, sou sua sombra.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

o antes do sono


Sem fundamento você mergulha e não volta mais.
O gás está vazando, algo vai explodir.
O colorido dos olhos alheios estão cintilando meu papel cartão.
O efeito pipocante está pulando na minha cabeça, sem compaixão alguma.

Aonde estão meus dedos?

Esse elo está tão longe do que eu cuido para não se unir. Estou ocupado faz anos. O significado incide e insiste. Sim, aquilo é o meu objeto predileto. Um vaso de flores com ossos em cima da mesa, e um jantar qualquer representando nossas mais sinceras aflições.

Poético, sincero.

Eu me controlo, me sobreponho, te acolho e te recolho de um mundo de sofrimentos, para nada.
O céu está sujo, minha mente está suja, minha alma é suja.
Coração claramente abominável e implacável, que me fascina, me comove e me move pra bem longe daqui.
Espelho dentro de mim, metade igual ao todo.
Vontade que dá e não controlo.
Angústia que é nossa, e que destrói.
Palavra nada bem dita.

Esbanjando prazer em função de outras pessoas. E a fragilidade alheia?

Isso não é para ser dito, nem lido, nem tido, nem muito menos engolido.

sanduíche acéfalo



Eu quero inflamar suas feridas, eu vou te encher de desgosto, ainda tenho seu endereço.
Cheiro do perfume pelo sofá, mesa e cama.
Eu misturo os sentimentos, eu misturo as pessoas.
Mente de um é brinquedo, grito bajula meu ego.
Quantidade de risos e sorrisos.
Amarga minha boca é, boca minha amarga a tua.
Palma tua, mão minha.
Eu quero bater na sua cara, eu vou te encher de desgosto, ainda tenho suas cartas.
Dutos de putrefação correm por dentro, por fora sem desejo.
Pernas salgadas, cabelos aguáveis e sorriso de moça, de moça é.
Balança, remexe, faz a trança, dança e dança e dança.
Volto ao compasso, o nosso, o seu, que não é mais meu, que nunca antes foi meu, que sempre foi só seu.
Publico, suspiro e não desejo.

Longas linhas tortas escritas para ninguém.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

doença


Eu dormi com o seu cachecol vermelho vivo - tão fraterno.

Pra não dar bandeira, minha arrogância é sem direção.

domingo, 10 de outubro de 2010

em dó maior


Você não era assim, pequeno menino.
Travesso, desengonça pelo salão.
Traz pra ti a mais bela moça.
Enxerga, suspira e desliza.

Botas de veludo, bocas de avelã.
Suspiros dengosos, cheios de mar.
Amarra o cadarço, vem te encontrar.

Ouça de longe o cavalgar das rodas de dança.
Beba mais leite, te pegue no colo.
Suspenda a bebida, dê-te um beijo.
Corra pra longe, fuja daqui.

Você sempre foi assim, pequeno menino.
Carrega no colo você e mais cinco.
Suporta, aguenta, suspira, enfrenta.

(Nada do que eu sinto é)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

qualquer


Entenda, sua prosa é poética.

O imaginário tão substantivo se mistura com o adjetivo, é inevitável. A falta de definição é sinal de uma sensação que limita o homem a pensar e agir. E pra que a explicação se temos o potássio das bananas diárias?

Não é mais necessário fazer sentido algum.

- Cintilantes Asteróides viajam em um infinito espaço - de tempo e de espaço mesmo - rumo a uma direção única e singular, que sempre se enganam.O choque acontecerá! E a partir dele novas direções serão tomadas, novos destinos traçados, mas o cintilante da dor estará ainda lá.

Esmeraldas guiarão a menina, e duas outras vidas se tocarão. Corpo com corpo ligados acharão que é só o momento, mas não, um afeto um carinho um gosto um apego um desejo uma paródia um olhar um toque uma vontade uma mania, e uma palavra irão comprovar que uma simples situação pode levar ao caos, e que isso tudo pode ser tão bom.

- Palavras ingênuas previsíveis infantis e afáveis demais essas minhas.

De nada adianta o movimento seguir continuamente em uma linha reta se ele pode ser interferido a qualquer momento. O acaso sempre tão assim, e meu café nunca esfriou tão rapidamente. Caminhões explodindo, pessoas longe demais, elos rompidos, olhos cegos, pessoas sozinhas.

Mato a sede com a água, com a sua boca.

você ri do meu cabelo


A verdade é que você tem tudo aquilo que eu disser que você tem. Seus trapos de roupa não me animam mais. Vista uma vassoura, tome banho com uma esponja de aço, sente em cima de pregos, e abrace apenas em seus sonhos. Tenha nojo, enxergue por outros olhos. Cole na parede, grude no teto, cuspa na cara. Comente sobre. Publique mentiras, e julgue.

Seu traço me incomoda.

sábado, 2 de outubro de 2010

um senti senti mento


Eu espero que a minha falta de bom senso nao interfira nos seus mais longos e calorosos gritos.
Gritos de fúria misturados a uma sabedoria sem tamanho.
O conhecimento gera a evolução infinita sem escala, e tudo aquilo que dizem ser previsto, pode ser anulado (e isso acontece de uma hora para outra) com qualquer objeto sem escala, aleatório.
Do que me vale então, a singularidade dos passos se o desenvolvimento de uma vida sempre se passa por dois pontos.
E quando surge um outro ponto no meio acaba por desmistificar a situação criada (ou co-criada) por duas pessoas.
Sempre haverá esse embate. É necessário para que o ciclo se complete.
A destruição faz parte.
Atinja seu ponto, seu alvo.

Malditas vírgulas.