quarta-feira, 30 de maio de 2012

não recebo nem o mais podre dos beijos


E hoje eu não posso permitir que eu fique de olhos abertos esperando algum resmungo seu. De manto vermelho e flores sem pétalas deito-me no chão de gelo, na segunda opção de um homem só. Não há virilidade, força, vigor, muito menos vontade. Desejo que fique longe, que não arraste seus trapos com perfume usado pra tão perto. E se quiser me tocar, mate-me antes.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

fuck me

não posso mais ficar aqui, eu quero mudar de mundo.

sábado, 26 de maio de 2012

não

eu hesito
tu hesitas

eu me perco
tu me foges 

e quando penso que tenho teus cabelos na mão, 
sua boca encosta uma última vez na minha 
e me foge e me deixa e me cala.

eu hesito

tanto faz

Sete doses sem cor alguma e uma pitada de vermelho que sofre de solidão por ser apenas mais um vermelho me limparam o pedaço cheio que pulsa. Ou que pulsava. Nem de dor alheia, nem de faca no peito. Falta muito e falta tanto e só falta. Mas também transborda em onda cinza melancólico que me confunde os traços teus. 

A fuga que treme em retalhos amarrados, com fita e laço materno, um aborto. 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

mas, dizei uma só palavra e (não) serei salvo

Ele que era o cordeiro de deus e dizia que iria tirar o pecado do mundo, agora segue acorrentado dentro de um sepulcro, ainda vivo.

domingo, 13 de maio de 2012

fora de contato


A flor debruçada na janela agora murcha e se coloca a disposição de corpos alheios. O olho fundo de engano, a boca de cerâmica rachada, a pele áspera de tristeza e cabelos de óleo de desgosto. Só não a toquem, ela morde e mata. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

quem sabe vire vício

suas duas pernas, seus cabelos, seu perfume, minha mão deslizando, sua boca com a minha, seu quadril desenrolado, seus olhos quase fechados, sua respiração, suas curvas, minha boca, seus suspiros, sua sombra, meus olhos, quase você. 

ouro dezesete amores quilates


No meu último encontro com Maria pude notar sua pele um pouco mais pálida do que o comum, seus traços mais marcados, sua boca menos viva e sua olheira um pouco mais funda e escura do que o normal. As olheiras me chamavam bastante a atenção - eu gostava delas. Estava mais magra, tinha cortado os cabelos e tinha um esparadrapo enrolado em seu dedo indicador esquerdo. Falou-me sobre as borboletas e também me abraçou.


 
          maria chorava

Sofria de algum desamor e não queria continuar assim.

          maria era insuportável

Eu não entendia porque ela sempre me escolhia como uma pessoa em que ela pudesse falar sobre borboletas e abraçar: eu tinha (tenho) sede por ela e se pudesse, eu tomaria gota por gota de seu encanto, eu a amarraria junto a uma árvore e a beijaria, mesmo que ela não quisesse (maria teria de querer). ela sabia falar e sabia e entendia o que EU queria falar, mas preferia fingir que não me compreendia ou que não sabia de coisa alguma, mas maria sabia, sabia da minha fome pelo seu corpo (antes só corpo).

          maria não queria

me perdi em seus rodeios e acabei por me perder em minha força. talvez eu tenha  abraçado-a forte demais e tenha enfiado uma faca em seu coração. pude até me divertir diante da cor vermelha que saía do peito de maria, mas eu também chorava (e ria), eu também não queria aquilo. Mas, francamente, maria poderia ter sido um pouco mais legal e honesta com suas palavras e sentimentos. a culpa foi dela, eu apenas a abracei e chorei.
 
        maria?