quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

fruto de uma "não-poesia"


Recebes da mão a sua resposta
Entendes de mim o teu perdão
Suspiras rosas espinhos e dor
Venha pra cá, dá-me tua mão.

Queres meu perfume
Quero teu corpo
Queres minha mente
Quero tua carne.

Pouco me diz
o teu falso querer
Tenha mais um pouco
do meu falso saber.

Veneno de ti
agora e então
talvez mesmo
só a solidão..

(de um louco)

domingo, 26 de dezembro de 2010

demora


só para ter o que dizer,
expressar a alegria novamente,
e sentir o cheiro azul da cor do céu sem nuvens.

Meu novo começo.

domingo, 5 de dezembro de 2010

por Matheus Simas Alves


E agora ele se depara estático, apenas vendo sua esperança, suas convicções e todo o amor que tinha pra oferecer, irem com o vento - assim como a areia da praia se esvai em um vendaval.

Nada hoje é a palavra que o perturba, machuca seu coração e sua mente como nenhuma outra coisa que jamais fez uma lágrima cair. Isso tudo, para fazer com que ele percebesse que aquele turbilhão de emoções, que como um pesadelo, não iriam acabar tão cedo. Não era qualquer gota, era uma lágrima guardada por tempos e tempos, segurada nos momentos mais difíceis de sua vida.

Como que uma coisa que pra ele era tão insignificante, hoje se torna o ápice de sua tristeza, e consegue fazer algo que parecia ser impossível: um coração amargurado e frio derrama um choro, apenas pelo descaso de alguém que ao menos ele conhecesse o suficiente. Todas suas expectativas se esvaem, todos os seus anseios, tudo o que esperava sentir por alguém desce pelo ralo, assim como aquela ultima lagrima foi, sim:

a ÚLTIMA.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

repito


Judite apaixonada andava pela rua em mais uma de suas caminhadas matinais. Meio sorriso no rosto, e um encanto capaz de despertar a atenção do bom velho da praça, do doceiro da confeitaria, do seu Juca da padaria. Seu rebolado insano seguia a cadência de uma mulher diferente, com um pouco mais de vida e agressividade. Judite apaixonada não tinha filhos, não tinha pai e mãe, não tinha ninguém. Apaixonada pelo além, nas noites, descia as ladeiras com lágrimas no rosto, estava cansada. A máscara estava presa, fazia parte dela, ela tinha um preço, e o seu valor a matou.

Mais uma tragédia qualquer,
Gritos a gosto..


terça-feira, 30 de novembro de 2010

sem sentido, com você


a insistência comprometedora afeta todas as pessoas,
e você, meu senhor,
interrompe seu pesar
com lágrimas que nem suas são.

corte!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

palavras de abraços


você está certa,
a cobra não consegue mais digerir seus próprios elefantes.
o intocável agora não é material,
eu queria o ontem de volta, eu queria.

perdoe-me,
no exato momento eu prefiro a escuridão,
prefiro evitar a luz.
calafrios passam pela minha alma,
a fragilidade insiste e inside!
não consigo, tanta coisa pra nada,
tanta coisa..

eu sei que vai explodir,
eu sei que vai passar.
sempre sentirei seu abraço,
nossos olhos sempre irão se encontrar.

rimas fáceis..

domingo, 28 de novembro de 2010

fui eu


o ser humano é grotesco, o ser humano erra
o ser humano não presta atenção, o ser humano erra.

a definição de cada momento infelizmente se dá pelo que se passa, e não pelo que se quer.
a vontade que eu sinto agora não se concretiza pois o erro impossibilita a ação.
logo logo vai estourar, eu sei disso
me contenho, me mantenho calmo, tudo isso - e eu sei - a toa.
tanto planejamento para nada
tantas coisas para que um erro derrube tudo.
nem mais 'confie em si mesmo'
muito menos confie por completo.

eu me distraio,
eu me manipulo,
não quero o após,
quero o de hoje,
que hoje não é mais possível.
como eu disse, vai estourar.
de volta ao início,
ao marco
zero!

sábado, 27 de novembro de 2010

dell'arte


apenas use,

faz parte.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

não mais dois


Fragilidade em forma de menina
Gota de lágrima que sempre cairá.

daqui de longe eu não enxergo seus passos
daqui de longe tudo fica meio embaçado
não deixam que eu entenda o que verdadeiramente se passa
o seu sofrer, o seu sorrir, o seu sofrer.

nem meias palavras
nem um fio de cabelo
nem um abraço
nem um carinho.

do que me adianta este contato inexistente?
não há, não há forma nenhuma capaz de transformar agora
tudo se complica
já não temos tanto tempo assim
o trem logo chega,
e novamente você se despede
e encara outro destino
outra vida
outro amor.

melancólico demais isso tudo
palavras que não saem da minha boca
que nunca saíram
que nunca sairiam
que agora pulam com tal facilidade que me fragiliza.

onde está toda aquela afeição?
porque o medo agora?
desconfortáveis sensações
eu não aceito isso tudo
culpa sua mesmo.

Já chega,
está calor de mais por aqui,

deixa eu pegar uma brisa na janela
deixa eu mergulhar na imensidão do ar
deixa eu viajar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

quarto escuro





o fundo do espelho é muito vago
o pé da moça pisa descalço o chão
o sol esquenta a criança indefesa
a lagarta prepara seu casulo
o corpo se esvai
a menina sapateia pela sala
o rapaz imagina
a ingenuidade corre
o traço muda entusiasticamente
o abraço apertado assim
a tristeza
o artigo definido
a definição
o conceito
a sensação
a beleza
o importuno
o momento
a ignorância
a repugnância
o desconforto
o encontro de nós dois.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

(in)sensatez


vontades,
malditas vontades,
mal ditas vontades.


ao acaso, a semente caiu da mão do jardineiro.
caiu na terra, na terra úmida, na terra miúda, tantas vezes tocada.
brotou, cresceu, e tornou-se casa,
casa de alguns sentimentos, de duas pessoas mais uma lagarta.

vida doce e insana essa, não?

um bom dia inverso




de tudo que você provou,
quanto ainda se diz proibido?
de tudo o que você tocou,
quanto ainda se diz confortável?
de tudo o que você não sentiu,
quanto ainda se diz imaginável?

imaginável imaginável imaginável

atingível.

sábado, 20 de novembro de 2010

os verdes ainda não maduros


O tempo de espera pelo pedido.. mas o que desejar? São tantas as coisas que seria possível pedir para si mesmo, mas o pequeno menino inculto, grosseiro, bruto, agreste, tosco, ordinário, custoso de sofrer, áspero, indecoroso, duro, violento, perigoso, descortês, ríspido e estúpido, não consegue manter seu pensamento fixo em suas próprias ideias. O de fora importa um pouco mais.

Centro de problemas, lacre de confissões e nada decidido, fica a mercê dos mais altos abismos.

- Mais atenção, por favor!

Não consegue se dividir, sente-se impotente, recolhe sua fúria, amassa seu ego, maltrata sua solidão, retrata suas desgraças, e mesmo assim continua a fingir, a manipular as mais diversas sensações e olhares.

A vida não é uma só.

Recomece, por favor!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

meia verdade


O meu samba é um maracatu, minha senhora..
Não se deixe levar pelo velho conselho de que minha ausência fará tão mal assim. Tome as chaves de casa, não fique encabulada, continue a sorrir. Meu peito aberto mergulha em seu humilde coração, já estamos tão velhos..
Hoje é aquele dia em que eu resolvi mudar, tirei o seu e o meu coração do altar. Chega de carregar essa cruz, levante a âncora e siga rumo ao maior redemoinho, mas por favor, não espere resposta alguma. Esse rosto tão mastigado não encanta tanta gente assim, por isso, desabroche essa sua calma, desperte sua alma, corte os cabelos, passe um batom.

Sem simulações, você sabe que eu nunca existi por completo, siga.

Não se afogue.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

ócio


passatempo, passa.
passa tempo, tempo passa.
passa, tempo.
passatempo, tempo tempo.
tempo passa,
passatempo.

(perda)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

comestível


Ninguém lhe oferece um pingo de sossego.
Ele está definitivamente cansado das palavras que não dizem, muito menos condizem, com o que ele pretende.
Os números não correspondem, e a porta ainda está fechada.
Um machado, mas nenhuma chave.
Um envelope, vazio.

Fazer sangrar, colocar no papel e enviar.
Usar o machado, abrir uma cratera.
Dilacerar, fugir de um tormento momentâneo.

Arder, como sempre ardeu,
mas nunca percebeu, eu.

Desenvolve.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

a falta da saudade carinhosa, o repúdio ao que se tem.


Dois olhares que não tem a coragem de se encontrar, hoje se veem forçados a um embate. Claros sentimentos sustentáveis por uma esperança que despenca de momento em momento, de dor em dor.

Sejamos nós o fruto da sobrevivência e da degradação humana. Sejamos nós animais que repetimos as mesmas coisas, que ferimos as mesmas pessoas.

(Não seria possível negar suas mãos, e fingir não pertencer a este mesmo grupo.)

As mesmas pessoas paradas pensando em suas angústias e aflições. Mas o que realmente incomoda cada um?

Fraqueza. Nojo. Perda. Traição. Ira. Desejo. Submissão. Raiva. Vingança, ou amor?

Perdidos em uma mesma viagem, não percebem a quantidade de semelhanças, a quantidade de repugnância que sentem uns pelos outros. Pensamentos além do que se é permitido cria apenas mais um ambiente pouco mais apático, polêmico e crítico. Juras de afeto mergulhadas na desconfiança disfarçam a verdadeira vontade pelo novo. O novo que não passa de mais uma cópia! Pupilas dilatadas a espera de novidade, e a perda de raciocínio a cada dia maior.

A intervenção humana, a putrefação.
A minha incerteza, rodopios pelo ar.
O seu ódio, alimentado com lábios amargos.
A sua vontade, destruída por um não querer.
Um corpo qualquer, almejado pelos erros.

Tudo não se passa de algumas observações inúteis. Mais um homem na lista dos que reclamam, e julgam e julgam e julgam. A minha perfeição mentirosa se faz a partir de qualquer coisa, exceto da felicidade. Não há.

Os olhares se encontrarão, conflitos ocorrerão, e vocês vão se ver no meio de milhares outros olhares que desejam o mesmo encontro. A mesmice permanece, as lágrimas padecem, e o corpo pede, sempre pede.

Não há.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

subterrâneo


E, agora, não tem mais volta. Adentramos demais o inferno.

As rimas já não te comovem mais, correto?

- A partir de agora um momento mais vivo, mais carne.

Esperamos muito tempo para acontecer alguma coisa, e agora que você quer, eu finjo não querer mais. Não por mera distração, ou conforto, e sim por não querer que eu queira como eu sempre quis. Agora eu quero mais é ver seu sofrimento brotar. Onde já se viu, uma pessoa íntegra como eu, me desgastar tanto por sua causa. Não acho justo, sua desgraça me parece ser mais agradável, e alguns litros de sangue não significam tanto assim. Desperdício foi esse tempo todo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

a palavra sofrida, mãe


Tu que não correspondesse um pingo do que eu senti por ti, engole agora a ganância de um ser próprio e robusto.




O apelo pela esperança nos remete a diversos momentos em que sentimos dor, medo, ou só uma falta mesmo.

- Uma falta de amigo, de um amor.

Somos bons o bastante com nós mesmos, ao ponto de fazer com que não consigamos nos sentir como um nada.

- Eu sou um alguém, um ninguém.

A imagem congelada não representando nada daquilo que você queria, ou pretendia.

- Eu desisto, me transformo, me fotografo.

Corpos pequenos demais para uma única relação, para uma única pessoa.

- Transformação, Metamorfização .


Apenas um registro, apenas uma memória.

sábado, 30 de outubro de 2010

sauda

Eu não me importo, vocês todos estão iguais a mim.
Riam o quanto quiser, sou o seu espelho refletido em nove cordas.
Mastiga a roupa, tira a alma, vende a palma.
Funções equivalentes intransferiveis, nao?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Psico a dois

Pela inocência de uma menina e de um menino.



Transpasso o seu traço.
Renego os teus passos.
Não posso aos amassos,
encontrar os teus abraços.

A distância não é física.
Nem todo copo fica cheio,
todo copo é fixo.

E o menino encaracolado, e travesso, desmonta de seu sublime cavalo.
Deveria ser diferente,
ou apenas uma inércia?

Camiseta rosa azul espalhando vírgulas por aí,
quanta igualdade,
quanta mesmice!

- Anule o seu padrão.

Volte a ideia fixa:
anule os laços,
junte aos rasos.

O universo volta aos vínculos,
ou apenas as "menas" (aos erros).

Desfaço o que faço, e você - um tanto palhaço - desliza por pregos e bananeiras.

- E eu?

Eu perdido nessa psique intrasigente.
Eu decidido a andar feito um animal,
um ser diferente de nós.

Esse nós que nunca sequer existiu.

Agora a terra enterra como simples moléculas desordenadas,
num passo de tempo-espaço,
sem mais maços.

- Desfaço os laços,
sobreponho o aço.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sorria para a foto, senhor


Já se mistura no meio das respostas para a pergunta maldita.
Justaposta no local indigno repleta de moscas ao redor.
Dois por cento de chance, e nada mais.
Confetes coloridos contemplando uma vida que se foi.
Ossos sendo colocados à superfície novamente.
Lígia acordará do sonho encantado.
Olhos cheios de sangue, lágrimas de solidão.
Pessoa intolerante, grossa e estúpida.
Espelho meu.

Faço da minha vida, a sua obra dramática.
Recebo das mãos alheias o seu suor.
Não consigo me comover.
Tanto trabalho em vão.
Vergonha é a sua vida, tão pobre.
Venha arrastando, beije meus pés.
Durma no frio, morra de fome.

Não me procure, sou sua sombra.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

o antes do sono


Sem fundamento você mergulha e não volta mais.
O gás está vazando, algo vai explodir.
O colorido dos olhos alheios estão cintilando meu papel cartão.
O efeito pipocante está pulando na minha cabeça, sem compaixão alguma.

Aonde estão meus dedos?

Esse elo está tão longe do que eu cuido para não se unir. Estou ocupado faz anos. O significado incide e insiste. Sim, aquilo é o meu objeto predileto. Um vaso de flores com ossos em cima da mesa, e um jantar qualquer representando nossas mais sinceras aflições.

Poético, sincero.

Eu me controlo, me sobreponho, te acolho e te recolho de um mundo de sofrimentos, para nada.
O céu está sujo, minha mente está suja, minha alma é suja.
Coração claramente abominável e implacável, que me fascina, me comove e me move pra bem longe daqui.
Espelho dentro de mim, metade igual ao todo.
Vontade que dá e não controlo.
Angústia que é nossa, e que destrói.
Palavra nada bem dita.

Esbanjando prazer em função de outras pessoas. E a fragilidade alheia?

Isso não é para ser dito, nem lido, nem tido, nem muito menos engolido.

sanduíche acéfalo



Eu quero inflamar suas feridas, eu vou te encher de desgosto, ainda tenho seu endereço.
Cheiro do perfume pelo sofá, mesa e cama.
Eu misturo os sentimentos, eu misturo as pessoas.
Mente de um é brinquedo, grito bajula meu ego.
Quantidade de risos e sorrisos.
Amarga minha boca é, boca minha amarga a tua.
Palma tua, mão minha.
Eu quero bater na sua cara, eu vou te encher de desgosto, ainda tenho suas cartas.
Dutos de putrefação correm por dentro, por fora sem desejo.
Pernas salgadas, cabelos aguáveis e sorriso de moça, de moça é.
Balança, remexe, faz a trança, dança e dança e dança.
Volto ao compasso, o nosso, o seu, que não é mais meu, que nunca antes foi meu, que sempre foi só seu.
Publico, suspiro e não desejo.

Longas linhas tortas escritas para ninguém.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

doença


Eu dormi com o seu cachecol vermelho vivo - tão fraterno.

Pra não dar bandeira, minha arrogância é sem direção.

domingo, 10 de outubro de 2010

em dó maior


Você não era assim, pequeno menino.
Travesso, desengonça pelo salão.
Traz pra ti a mais bela moça.
Enxerga, suspira e desliza.

Botas de veludo, bocas de avelã.
Suspiros dengosos, cheios de mar.
Amarra o cadarço, vem te encontrar.

Ouça de longe o cavalgar das rodas de dança.
Beba mais leite, te pegue no colo.
Suspenda a bebida, dê-te um beijo.
Corra pra longe, fuja daqui.

Você sempre foi assim, pequeno menino.
Carrega no colo você e mais cinco.
Suporta, aguenta, suspira, enfrenta.

(Nada do que eu sinto é)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

qualquer


Entenda, sua prosa é poética.

O imaginário tão substantivo se mistura com o adjetivo, é inevitável. A falta de definição é sinal de uma sensação que limita o homem a pensar e agir. E pra que a explicação se temos o potássio das bananas diárias?

Não é mais necessário fazer sentido algum.

- Cintilantes Asteróides viajam em um infinito espaço - de tempo e de espaço mesmo - rumo a uma direção única e singular, que sempre se enganam.O choque acontecerá! E a partir dele novas direções serão tomadas, novos destinos traçados, mas o cintilante da dor estará ainda lá.

Esmeraldas guiarão a menina, e duas outras vidas se tocarão. Corpo com corpo ligados acharão que é só o momento, mas não, um afeto um carinho um gosto um apego um desejo uma paródia um olhar um toque uma vontade uma mania, e uma palavra irão comprovar que uma simples situação pode levar ao caos, e que isso tudo pode ser tão bom.

- Palavras ingênuas previsíveis infantis e afáveis demais essas minhas.

De nada adianta o movimento seguir continuamente em uma linha reta se ele pode ser interferido a qualquer momento. O acaso sempre tão assim, e meu café nunca esfriou tão rapidamente. Caminhões explodindo, pessoas longe demais, elos rompidos, olhos cegos, pessoas sozinhas.

Mato a sede com a água, com a sua boca.

você ri do meu cabelo


A verdade é que você tem tudo aquilo que eu disser que você tem. Seus trapos de roupa não me animam mais. Vista uma vassoura, tome banho com uma esponja de aço, sente em cima de pregos, e abrace apenas em seus sonhos. Tenha nojo, enxergue por outros olhos. Cole na parede, grude no teto, cuspa na cara. Comente sobre. Publique mentiras, e julgue.

Seu traço me incomoda.

sábado, 2 de outubro de 2010

um senti senti mento


Eu espero que a minha falta de bom senso nao interfira nos seus mais longos e calorosos gritos.
Gritos de fúria misturados a uma sabedoria sem tamanho.
O conhecimento gera a evolução infinita sem escala, e tudo aquilo que dizem ser previsto, pode ser anulado (e isso acontece de uma hora para outra) com qualquer objeto sem escala, aleatório.
Do que me vale então, a singularidade dos passos se o desenvolvimento de uma vida sempre se passa por dois pontos.
E quando surge um outro ponto no meio acaba por desmistificar a situação criada (ou co-criada) por duas pessoas.
Sempre haverá esse embate. É necessário para que o ciclo se complete.
A destruição faz parte.
Atinja seu ponto, seu alvo.

Malditas vírgulas.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

água




À uma companheira de um domingo qualquer.


O ar morno junto ao som que soava dos pássaros levava aquela menina a um lugar onde a companhia da natureza ajudava a fortalecer o seu âmago. Os peixes, que ali dançavam um maravilhoso balé, faziam com que a garota de lisos cabelos castanhos esquecesse todos os problemas que a seguiam. Manchas arroxeadas espalhadas por todo seu corpo não demonstravam sinal de dor alguma naquele lugar. Nem mesmo suas olheiras conseguiam fazer com que a tranqüilidade do momento desaparecesse. Enquanto o sol se despedia, o céu de um azul doce e infantil ganhava tons suaves de laranja crepúsculo. E os resquícios de luminosidade quente refletiam e evidenciavam um objeto que estava em uma de suas mãos.

O dia se fora e a lua, já em companhia da jovem, não impedia que o objeto perdesse seu brilho. Ela esticou o braço e sentiu as pontas dos seus dedos encostarem-se à textura áspera e gélida daquela terra muitas vezes tocada, mas só agora percebida. De imediato, com a mão que tocava a terra, cavou um buraco com espaço suficiente para suportar o tamanho e o peso que em cada feixe de luz emitia uma tristeza. Além do receio, a coragem e a convicção de uma vida melhor a impulsionou a soltar o que estava em sua mão. A transparência de uma água límpida e salgada escorria sobre a pequena abertura feita na terra. E um meio sorriso demonstrava o primeiro sinal de leveza que há muito tempo não se fazia presente.

Seu olhar vazio ainda pedia por um último desejo. Roupas foram deixadas, e seu corpo, de uma pureza pueril, ia em direção a um lugar onde os seus singelos caprichos podiam ser realizados. Estava perto de findar seu maior tormento: a solidão. Quando deu por si, estava cercada por um silêncio surreal. Fez-se submersa, mas a companhia que antes não tivera, agora, não desmanchava seu sorriso. E mesmo com a privação de qualquer ruído, ela preferiu estar e dançar com quem sempre lhe ouviu.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

carne e ação


E o que agora permanece no coração das pessoas são os verdadeiros ensinamentos que este homem passou. Sábio era ele, que doava o seu suor por toda uma família. Quantas histórias para contar, quantas que ele contou. Viveu bem. Sorriu feliz. Foi teimoso, sofreu calado. Amou, e como foi amado. O bom velho que não havia um só jovem que não o admirasse. Hoje não respira, mas padece dentro de todos.

O sentimento saudade, e o vento da sabedoria que há de perpetuar: uma nova vida vem aí!

domingo, 19 de setembro de 2010

atire a primeira pedra, por favor


Eu não consigo segurar a caneta e colocá-la com firmeza no papel, ando meio trêmulo. Minha fragilidade aumentou muito. Eis aqui, as palavras mais sinceras até hoje colocadas neste ambiente.

Sinto-me dentro de uma jaula. Entendam, eu sou um menino, não um animal. Quero apenas continuar a viver a minha vida, sem ter medo de sair de casa, sem ter medo de conviver com meus amigos. Não desejo tanta maldade assim, mas se a felicidade já é objeto de luxo, pra que complicar mais ainda? Sou apenas uma gota, é o que dizem. Escorrendo daqui até ali, até se perder em um canto qualquer e não ser lembrado, ou então, ser lembrado por alguma coisa retardada. Como se já não bastasse prender meus pés a este chão imundo, não consigo mais me perder nos pensamentos alheios, vocês ficam me bloqueando, me controlando. Eu suplico, eu imploro, deixem-me pensar, deixem-me andar, deixem-me destruir tudo o que eu quiser. No fundo, eu só quero o bem.

Iguais em tantas coisas, então porque essa dificuldade de se comunicar?

Controlado. Reduzido. Menosprezado. Transformado. Constrangido. Subjugado. Limitado. Diminuído. Convertido. Abandonado.
Vencido.

Seja como for, estarei aqui, disposto a tudo.

Eis aqui, as palavras mais ordinárias.

Corte-me a cabeça!

domingo, 12 de setembro de 2010

o brilhante que partiu


O teu sorriso me maltrata. As noites estreladas junto ao seu lado eram mais monótonas e sinceras. A água límpida e salgada era acalmada com um beijo, e como eu o quero de volta. Eu sou apenas um pobre amador, não é mesmo? Nossos olhares já não se encontram no céu, e a sua voz fica distante demais. Seu toque direto e sincero fica apenas na lembrança. Tanto desafeto para um sentimento claramente abalável, é justo? Nunca me imaginei assim, como um aprendiz do teu amor. Quero a força da batalha inconstante ao nosso lado. Um telefonema é muito pouco. Até a neve já foi embora. Não suporto. Você e seus sete mil amores, e nenhum espaço para mim. Dá-me tua boca, teu corpo, tua alma.

Eu te quero.

tempo ao que não pertence ao tempo


Não tomava banho. Adorava lenços umedecidos. Divertia-se assistindo programas de TV, mesmo que a televisão permanecesse desligada. Sentada no sofá, fumava charutos importados, comia pepinos, e conversava com pessoas que, para os outros, não existiam. Cantava obras dramáticas que ela mesma inventava. Marcava encontros consigo mesma. Mascava calcinhas. Não depilava as axilas e, em ocasiões especiais, tinha noites românticas com seu abajur.

Seu nome era Tânia, e ela se jogou do seu apartamento por vícios, desamores e muito rancor.

Seu destino será arder. Aos poucos ela irá se acostumar com a dor, e sua luxúria irá apenas comover.

Tão amada Tânia, tão.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

parte do princípio que eu já fui


Sem esquecer, em nenhum momento, dos passos mágicos que salvam a noite de qualquer pessoa, a boa dança, apreciada por qualquer pessoa e sugerida por quem vos escreve.

(o que se faz)

As paredes realmente se mexiam e afundavam. Não havia nada que não tivesse vida. Um tanque de roupa, um pacote de macarrão e muita artificialidade pelo ar - muita fumaça pelo ar. Som do rock da paz, e uma cama que se move. Queima de cabelo. Chocolate com as malditas nozes lutadoras. Risadas distorcidas. Aspirais num movimento repetitivo e um quinto elemento (alguém não deseja respostas especiais sobre suas amizades). Perda de memória excessiva e ansiedade.

(o que se insiste)

Sangue para as meninas e liberdade de poder correr para os meninos. Expressão de todas as formas. Pessoas existem de uma forma única, e os outros tem que saber deter seus pensamentos e expandi-los. Outra língua, muitas máscaras. Mão onde não deve, e suas consequências. Gritos, e vaidades e novidades. Corpos esculturais ao encontro de qualquer outro e um convite recusável. Fazia frio, fez frio e fez meu dedo quebrar e meu pé torcer e meu coração tremer.

(o que se sente)

O vento permaneceu contrário, mas a menina dos sapatinhos amarelos não maternos, partiu. Não digo partir por algum motivo drástico, ou alguma razão intolerável pela qual talvez alguém possa ficar ofendido ou amargurado, e sim, por necessidade, por viver. O momento era único, e consideravelmente pequeno para os sentimentos presentes. Olhos não mais secos, e um abraço como consolo. Talvez, aqueles homens tenham mesmo a razão: o ser humano aumenta e humaniza muito um sentimento que era para ser passageiro e normal. Tão pequena ela, na minha mão, pulava e sorria e chorava e amava, e hoje voou. Uma nota. Um acorde. Um instrumento qualquer, e a cura.

Os gatos copulam debaixo da minha casa.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

aprenda com ele


Seus olhos vermelhos farejavam a presa. Sem muita demora, ele atacou, nhac.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

do jeito que eu queria


Está decidido, Joana não irá ter um final feliz. Sem razão nenhuma, ela terá o seu destino traçado desde já. Imagino uma morte não tão sofrida, mas que seja desastrosa. Talvez seu marido a empurre da escada, ou talvez ela se mate, não sei bem ainda. O que eu sei é que Joana é a representação viva de todas as aflições de Phillip. Pobre Phillip este que sofreu com as palavras malditas de uma pessoa incomum.
A xícara irá se partir em sete partes, sendo que a alça será apenas uma parte e ficará intacta. O resto não importa, o resto é só caco. Haverá uma semi ponta meio aguda que irá penetrar em alguma coisa. Teremos sangue, e aplausos. Risadas terão que ser contidas, o respeito deverá se fazer presente. Joana saberá de tudo desde o início, mas mesmo assim conseguirá fingir surpresa para todas as situações. Ela não terá uma cor definida, poderá se camuflar.

Joana preferiu um momento só antes de seu fim, por favor, respeitem-a!

domingo, 29 de agosto de 2010

isso se chama qualquer


Seus acordes já me complicam.
E pra que esse olhar tão faminto?
Gostava de quando eu brincava ser fazendeiro com o meu primo João.
Sempre tinha algum cachorro para vir e sumir com um boi, ou uma vaca.
Em agosto sempre tinha a festa do bairro, e eu adorava a pescaria.
Minha família bebia, e eu só olhava.
Eles brigavam, e eu só sentia.
Eu era outro.
Hoje eu ainda queria ser o luquinhas, filho da sandra, irmã da rose, mulher do mazola.
Eu ainda queria ver o boi de mamão e não sentir nada além de graça e diversão.
Quero ser engolido pela bernunça.
Quero chegar em casa e mostrar pela décima vez o que eu ganhei na pescaria para a minha mãe.
Quero bolo de chocolate sem alcool.
Quero ar puro.
Não quero ter que escolher.


Com quem anda minha camiseta?




quinta-feira, 26 de agosto de 2010

sem assunto


Eu tenho lá os meus problemas com as poesias, mas no fundo eu sei que não são elas as responsáveis pela maior parte de minha dor. Quando eu atravesso a rua, por exemplo, tenho vontade de ficar esperando o carro chegar mais perto, bater em minhas pernas para que eu bata com toda a força contra o vidro. Iria doer, eu sei. Mas as poesias também doem, e mesmo assim são poucos os que as culpam. Essa grande quantidade de respeito me incomoda, e essa porcaria de ciúmes é pura bobagem para a minha cabeça. Sempre acabo permanecendo entre dois pontos que ficam emitindo raios adversos entre si. Eu canso. Talvez a salvação seja mesmo a poesia, ainda que doa. Ou então, talvez não haja nada nem ninguém capaz de falar o que eu quero ouvir.

Não há comunicação.

Esbanjando grosseria

terça-feira, 24 de agosto de 2010

eu aposto o oposto


São tantos pontos que eu utilizo.
Tantas possibilidades..
Onde estão aquelas bocas de condão que não me permitem sequer raciocinar?
Lábios grandes estes teus que me abrigaram.
Ainda sinto o seu perfume, e te vejo no banheiro.
Porque você não fala?
Sua imobilidade me incomoda.

Saia desse corpo, desça dessa alma, venha pra perto.

Grite por algo maior, largue estas drogas.
Sorria para mim,
não morra.

Quero ao meu lado, mesmo sem palavras.
Quero teu corpo, quero teu raciocínio, quero tua alma.
Escolha-me.


Pontua-me.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

mulher de uma leitura


O ônibus não estava cheio. Não era tarde. Não tinha sol, mas ela resolveu sentar ao meu lado. Tinha um livro de capa laranja rasgada, uma bolsa costurada a mão, um anel com uma pequena pedra cor de esmeralda, e um perfume com aroma atraente que resistiu o dia cansativo. Não tinha nome. Tantos detalhes capazes de serem percebidos apenas de canto de olho. Não conseguia evitar.
Percebendo que estava sendo examinada, esboçou um meio sorriso. E como mágica, minha boca afrouxou e imitou. Estava mais à vontade, e arrisquei me ajeitar no banco. Mais alguns minutos, e descemos no mesmo ponto. Quase que lado a lado, olhares eram lançados sem muito medo. Minha rua estava ali, e a dela de frente para a minha. Antes que eu ficasse desapontado, ela fez sinal para que eu a seguisse. Chegamos em seu chalé, e ela interrompeu os momentos da imensidão silenciosa. "Quer café?" "Sim, eu quero, obrigado." Sentamos cada um em uma poltrona, sem nada a dizer - não era necessário. O café tinha acabado, eu estava quente. Ela tirou a roupa, ligou o chuveiro e ficou a se banhar. E eu, um tanto quanto desajeitado, tirei apenas o tênis e entrei assim mesmo ao lado dela.
Sorrimos. Tirei a roupa. Nos tocamos. E o seu beijo delicado, sensível e amável me provocava. Ainda molhados, fomos pra cama. Um edredom grosso e macio nos cobriu, e meu corpo por cima do dela pedia por uma resposta. Beijos no pescoço, e a estranha sensação de sentir um cheiro e querer outro, de ter um corpo e querer outro.

Parei.

Fiquei a olhar no fundo de seus olhos, e por um instante ela hesitou em sentir medo. Em minha mente veio a realidade: estava eu com uma mulher de idade superior, em um chalé qualquer, exalando uma quantidade gigantesca de afeição.
Saí da suposta realidade, passei a mão em seus cabelos encaracolados e retornei. Rolávamos pela cama, pelo tapete. Ela querendo, e eu aceitando. Suspiros, mordidas e carinhos. Fomos felizes naquele momento, sorrimos de alegria.
Recompondo-me, ouvi um miado. Uma gatinha de pelo branco se esfregava dentre as minhas pernas. Tomei mais uma xícara de café. Abracei, beijei e fui embora.

domingo, 22 de agosto de 2010

dia


fazia tempo que eu não sonhava com você

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

gratuito


É tão gracioso, e remoto quando você está em um elevador lotado, e de repente ele para, abre a porta, e por de trás dela temos pessoas com aquela cara pasma de: jesus, quanta gente. E quantas vezes eu não quis começar a conversar com qualquer um daquele mesmo elevador. Quantas ideias, quantos destinos ali um dia cruzados. Mas não, minha sede é maior. Permaneço com os mesmos, fazendo a mesma coisa, mantendo a tradição. Um pouco feliz, mas nem tanto satisfeito. Com os amigos, seja eles jogados nas calçadas por aí, ou não.
Apenas relato um acontecimento qualquer, sem muito fundamento ou pertinência. Sugiro bolacha de limão com um copo de água. Mas que estranho, está escuro. Vou deitar meus pés, e suspirar meu desencantamento sem muita repugnância, sendo apenas esta coisa.



- Mas que estranho, onde está você?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

nosso ritmo


Seus cabelos voavam pelo salão. Seu compasso quase que absoluto roubava a atenção de qualquer pessoa que passava por ali. Alguns acordes a mais, e todos continuavam a contemplar a leveza e a beleza, de uma dança, de uma mulher.
Um espetáculo que era só nosso. A nossa rápida lentidão contrariando a equação singela que fez com que um dia os nossos opostos continuassem opostos, e nossos olhares permanecessem cegos ao tempo.
Tudo não tem tempo. Nossas idas e vindas, discretas e indiscretas, bailando ao infinito. E eu, sua principal personagem, vivo em uma eterna atuação sem limites.

Minha dança tem palavras.
Sua dança tem olhares.

E o resto é só resto, é a troca de carinho e afeição, é a perfeição do seu olhar com a tradução de minhas palavras.


O resto, somos nós.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

esqueleto antigo


Não como antes, mas ressurgiu. As aflições voltaram, as mãos tremendo novamente, e a minha cara de paisagem não existe mais. Desafetos não mais afetam, desânimo somente anima, e sempre com um sorriso largo. Não posso tocar, mas saber que ela voltou é tão gratificante. Isso anula minha dor no braço, elimina a oleosidade da minha pele, desembaraça meus cachos inexistentes e faz com que minha tolice de viver só aumente. Perco o sono, ouço qualquer música, danço valsa, como pedras, e não procuro nada. Apenas comunico dizendo que ela voltou! Dançaria um tango, mas não sei nem ao certo descrevê-lo. Estou bobo, idiota, com saudades, de algo imaginário, novo. Que seja verdade, que valha a pena.


Que exista!


terça-feira, 17 de agosto de 2010

cotidiano

Vai mais devagar, pediu a pobre menina inocente.
Não consigo, respondeu o menino voraz.
Por favor, insistiu a pobre menina inocente.
Cala a boca, ordenou o menino voraz.
Você não era assim, indagou a pobre menina inocente
Eu sempre fui assim, afirmou o menino voraz.
Sai de cima de mim, pediu a pobre menina inocente.
Aproveita, relaxou o menino voraz.
Canalha, chorou a pobre menina inocente.
Sua puta, gritou o menino voraz.
Te odeio, amedrontou a pobre menina inocente.
Eu te amo, matou o menino voraz.

Quem morreu?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o mundo filé milanesa


Não se esconda, Shirley!

A segunda-feira começou sem feira, eu digo e repito, sem feira!
Nada faz sentido, as pessoas ficam mais sem graça do que o comum, e é incrível pegar um ônibus e ouvir todos falando a mesma coisa que falaram no mesmo dia na semana passada.
Abusar do auto-retrato, seja com hífen ou não, é outra experiência interessante.
Talvez eu seja mesmo um fudido, mas e daí?
Um isqueiro? sim, eu tenho.
E tanta gente morrendo. E tanta gente atuando.
Tendão de Aquiles. Enxaqueca. Culpa. Desfile.

Não tenha medo, Shirley!

Mais tarde quem sabe eu consiga entender a função de tantos pombos na face da terra.
Seco não, prefiro molhado.
Nada faz sentido, as pessoas não se entendem. Falta comunicação. oi?
Dinossauros pra quem quiser deixar a imaginação fluir.
Cachos inoportunos estes seus que não compreendem ninguém.
Mãos pegajosas estas suas que não deixam nada cair.
Pés desconexos estes seus que não seguem o caminho certo.
O mundo é pequeno pra caramba.

Siga na direção contrária, Shirley!


_________________________



Seja feliz, Shirley.

domingo, 15 de agosto de 2010

um sujeito seguidor


James sempre sentiu fome,
James sempre sentiu sede,
James sempre quis alguém.

James sempre saciava sua fome,
James sempre saciava sua sede,
James sempre tinha alguém.

Pobre James que comia os restos,
Pobre James que bebia qualquer coisa,
Pobre James que sempre era abandonado.

Eu aqui, James lá.
Eu aqui no quente, James lá no frio.
Eu aqui saciado, James lá na calçada necessitado.

Queria eu ser James para saber como é.
Queria eu ser James para saber como é.
Queria eu ser James para saber como é.

A carência de James, e a minha loucura.
O sofrimento de James, e a minha insatisfação.
A vida de James, a vida de cão.


domingo, 8 de agosto de 2010

Voando amarelo

Risadas: eu quero as mais ricas e tocantes. Cores: eu quero as mais falsas e instigantes. Pessoas: não é necessário. Sentimentos: tudo aquilo que for sentido.
Eu desenho o meu próprio cenário, e transcrevo ali, uma trajetória nunca vista antes. Exponho na forma viva das palavras, todas as minhas vontades e loucuras, medos e vergonhas. Fazer. Falar, e amar.
Desde já eu confesso o meu problema com as vírgulas, e com o fígado. E quanto a minha imaginação, desprezo qualquer tipo de controle. Amarelo mostarda. A culpa não é sua, e nunca será! E não se preocupe, você não é a pessoa certa!
Começo a lembrar daqueles pés quentes, recém saídos do aconchego de uma cama macia, que tocaram o chão gélido e transformaram o calor coporal em uma grande onda de aflição intransitiva. E eu, apenas cuspia em forma de uma revolta, para que refletisse ao ponto de mudar a direção do seu olhar. Aos que te julgaram, coube o direito de manter a boca fechada enquanto eu me destruía cada vez mais.

FALTA-ME LUZ!
Minhas mãos choram. Minha barriga sorri. Meu coração engole. Meu pulmão enxerga. Minha boca imóvel, e sua pele sensível e viciante.

Insistência maldita esta sua de se meter nos meus desafetos. Eu não queria que fosse assim.
Olhos perversos os seus que continuam por não me enxergar. Metade de mim é maldade, e a outra também.
Abuso da máscara que me envolve. Mais uma dose, e poucas pessoas no estacionamento. Sigo, faço, e vivo: nessa viagem que não encanta a ninguém.
Os pés não esquentaram. Logo o sol começa a surgir. Tem pessoas à minha espera, estou atrasado. Alguns andares acima. Vermelho vivo. Uma cadeira. Dez segundos. Uma janela aberta. Brisa. Que vontade de voar.
FALTA-ME CHÃO!