domingo, 18 de setembro de 2011

apostila

sombras de um estar sempre adormecido
nunca se desligam nem nunca acabam.
o último dia aqui, digerindo carne humana
como sacrifício mal pago

sábado, 17 de setembro de 2011

eu já lhe disse que não, senhor Imperador.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

a gente acha que sonha muito

tumor


assisto sua miséria indo deitar-se, seu cair em frente ao espelho,
teu próprio reflexo como despedida.

- inoportuna essa sua decisão.

Meia luz, meio sorriso, estado sem conforto.

- e eu fico aqui?

te destrói, mas não esquece que a cada pontada,
a cada corte,
meu peito aberto vai contigo.

nosso sonho hoje não mais vigora.
não no chão completo, mas não mais.

- hoje aqui faz frio, como você gostava.

em dias como esse nossos pés costumavam querer entrar em contato,
se entrelaçar lado a lado.

- e as nossas exaltações de poucas verdades em meio a tantos passos desordenados?

levanta logo, acorda desse sonho só seu,
diga uma última vez ao pé do ouvido aquilo tudo que eu quero.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

zero

de vez em nunca eu fico a representar aquelas situações de laranja tijolo.
as nuvens bem carregadas em loucura cinematográfica
uma teoria em preto e branco,
sem sintonizar uma estação ou pensamento sequer.
o som da multidão erguida
e a pauta sendo, e a pauta é.
socializando o sabor do verde nos teus olhos,
deixando ir como lentidão em meio a mil

terça-feira, 13 de setembro de 2011

história de olhos fechados

boca de carne viva transborda pelo meu corto todo, todo.
corpo que dança, que venta.
quebra pra depois colar, sofre tudo de uma só vez.

- Tomei a liberdade.

(sabor de negação e pecado)

Arde. Arde como veneno.
Arde como veneno demais.
Arde como veneno demais no.
Arde como veneno demais no sangue.

Resina de tantas coisas se desmancham e se espalham por aí.

Grudam-se, unem-se - sem se sobrepor, quase sem delicadeza.
Apenas os corpos no espaço atemporal, inalável, não nostálgico, vazio,
mas de carne.

domingo, 11 de setembro de 2011

porque você está estranho?

eu não peço muita coisa, nem chego a pedir e a ser tão pedinte assim
um oi e tchau, bem e assim e tal e talvez e nunca e té e talvez.
só eu tenho as certezas bobas, as não culpas tolas.
aquele abraço de amigo que chora com ombros aflitos imersos numa
situação que foi vivida.

poxa, eu nem chego a pedir.

como está, como vai, como anda, como vive, como sente,
só um pouco disso, nem muito daquilo (aquilo).

tanto que passa e acaba por passar e passar por cima de coisas
e coisas e pessoas e coisas de pessoas, nem muito daquilo eu nem chego a pedir
a te pedir.

sábado, 10 de setembro de 2011

ah, ah

olhou de leve, leve. não hesitou.
fez da boca a certeza gelada, vermelha
macia feito morango doce sem açúcar.

deslizou pelas coxas, agarrou a mão.
despiu com força,
puxou o cabelo. enrolou-se.
chupou. chupou.

lábios grossos e rápidos arranhavam a alma.
azul marinho como nunca e sujo e imundo e imundo e imundo
e sujo e sujo e sujo.

quente que queima que queima quente.
que arde quente que quente arde.
que sente que dói que dói que sente.

imobilizou as costas
sem ar sem par
sem dois
sem pois


sábado, 3 de setembro de 2011

finge, Dona Geórgia, finge!

Dona Geórgia, volte aqui, Dona Geórgia.

Ria que se acabava e não voltava.
Batia palmas enquanto gritava e se cambaleava num bailar pelos corredores daquele hospital, queria se sentir bem.
Beijou a moça da recepção, tropeçou em uma criança e caiu no chão.
Fez-se o silêncio, médicos se aproximaram..
Demorou-se poucos segundos e novamente ouviram o som daquela gargalhada curiosa.
Dona Geórgia não estava bem, Dona Geórgia queria fingir.
Não demorou muito tempo até que ela desmaiasse,
fosse levada em uma maca,
novamente sedada,
sem gargalhada,
sem fingimento,

sem Dona Geórgia.


feia

por enquanto
enquanto eu for
enquanto eu não puder

posso querer mais do que
enquanto isso
você se vê cercado

enquanto

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

treze de novembro de dois mil e dez anos atrás

vai ao sol, não te encontras mais lá..
faça vir aos seus pés,

(FAÇA VENTAR.)