segunda-feira, 26 de março de 2012

Flor, ouça-me bem.


Teus olhos calmos de paixão fazem meu corpo desabrochar.
Estico-me de pétala em pétala, enraízo essa minha vontade
e esse meu (louco e tanto) querer só para poder (sempre)
te falar e te ouvir. Teus poucos suspiros inquietos me
invadem e só me fazem querer estar aqui ao teu lado -
nesses pequenos instantes.

Flor, ouça-me bem, eu estou aqui,

sempre.

domingo, 25 de março de 2012

talvez aquela moça implore razão, insista (em) saber




aquele sorriso incompleto em meio aquela multidão de pessoas me arrancou uma pequena abertura entre os lábios e uma mão tremendo daqui e a outra querendo de lá. um abraço aconchegante e a vontade de ter quando quiser, de poder tocar.

- tenho que ir.

mas porque a pressa, porque não continua a esbanjar essa maciez e calma aqui perto..

olhos de pequena, tão cedo, tão flor.

sábado, 24 de março de 2012

m(eu)


em dias em que a minha inutilidade insiste se fazer presente, eu prefiro adormecer antes que o espelho se quebre ao chão
e prefiro fingir que eu não existo
e que não faço parte dessa arte
pouca.

face contra face,
impasse.

terça-feira, 20 de março de 2012

páginas estupradas


Paletó amarelo, cinto alaranjado, botas de vermelho vermelho,
chapéu verde água de março, lenço azul no pescoço,
perfume doce tonto e gravata borboleta cor de lilás primavera.
Postura ereta e a contagem dos passos se dava de três em três,
preferia composições ímpares.
Dentes bem brancos e lábios de carne vermelha de homem
que gosta de homem.
Desceu as escadas, parou no trigésimo terceiro passo,
abriu a porta, abriu um sorriso, abriu o coração, coração de carne,
de homem, de vermelho, de paixão, de tentativa de homem.

Calça jeans escura, tênis baixo claro, blazer azul marinho (sem peixes),
cheiro de chão e de cão e homem, um cachecol amarelo e um meio
sorriso de amor.
Gostava de pares, queria ser o um para poder ter o outro,
tinha pressa, tinha carne, tinha necessidade de toque.

Fechou a porta e em tempos e contratempos iniciava-se uma dança.

(Lábios verdes de primavera que gostam de homem no trigésimo
terceiro sorriso, paixão que tenta e que cai pela escada no chão.
Abre agora a minha carne e inicia esse vermelho de borboleta
que passa escuro ao meu lado. Minha doçura está escondida
detrás da porta, sem pressa, de homem, com homem.)

- perda de contato


quinta-feira, 15 de março de 2012

brincando de astronauta


amarelo acinzentado para os pobres
azul quente esverdeado para os cães
rosa levemente rosa para as damas
preto esbranquiçado para os poucos
vermelho perolado para os tais
arco-íris enfraquecido para os outros

e o singelo e transparente amor para você