terça-feira, 20 de março de 2012

páginas estupradas


Paletó amarelo, cinto alaranjado, botas de vermelho vermelho,
chapéu verde água de março, lenço azul no pescoço,
perfume doce tonto e gravata borboleta cor de lilás primavera.
Postura ereta e a contagem dos passos se dava de três em três,
preferia composições ímpares.
Dentes bem brancos e lábios de carne vermelha de homem
que gosta de homem.
Desceu as escadas, parou no trigésimo terceiro passo,
abriu a porta, abriu um sorriso, abriu o coração, coração de carne,
de homem, de vermelho, de paixão, de tentativa de homem.

Calça jeans escura, tênis baixo claro, blazer azul marinho (sem peixes),
cheiro de chão e de cão e homem, um cachecol amarelo e um meio
sorriso de amor.
Gostava de pares, queria ser o um para poder ter o outro,
tinha pressa, tinha carne, tinha necessidade de toque.

Fechou a porta e em tempos e contratempos iniciava-se uma dança.

(Lábios verdes de primavera que gostam de homem no trigésimo
terceiro sorriso, paixão que tenta e que cai pela escada no chão.
Abre agora a minha carne e inicia esse vermelho de borboleta
que passa escuro ao meu lado. Minha doçura está escondida
detrás da porta, sem pressa, de homem, com homem.)

- perda de contato


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