quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

tanta coisa para uma pequena cabeça pensante


Deu uma vontade de eliminar a paisagem com camelôs vendendo suas muambas, e me enfiar em uma biblioteca pública para escrever. E cá estou. E é tão delirante esse ato de sentar, e digitar digitar digitar. Digitar apenas as palavras, deixando que elas dancem sozinhas, sejam elas com sentido, ou não. Errar uma vírgula, ou então, não saber como usá-la mesmo. Apostar em ideais sendo que eles nem existem. Encher a boca de princípios e jogá-los no lixo. Mostrar o peito viril cheio de coragem, e não ter coragem de usá-la. E continuar digitando, e lembrando momentos que passaram, que agora são passado. Ahh, e ter aquela vontade de que ou o passado voltasse à tona, ou que no futuro tudo se repetisse. Mas ter a certeza de que nem tudo volta, e algumas coisas repetem, e quando repetem, nunca repetem da mesma forma. E repetir as palavras mudando a intenção delas. E se sentir poderoso. E abusar do advérbio de intensidade e deixar escapar que a vida é tão bonita, tão arrogante, tão extraordinária, e ao mesmo tempo tão ordinária. Não utilizar parágrafos. Não dar ideia de começo, meio e fim. Não se importar com o que os outros irão achar quando lerem isso. Passar vergonha. Ir de cueca para o centro da cidade e gritar ao sete cantos qualquer coisa. Mostrar para as pessoas que ser acanhado é bom, mas que ser sem vergonha, abraçar qualquer um, conversar com um mendigo, assustar um pombo e dormir em uma livraria é muito, mas extremamente muito divertido. Convidar um amigo para fazer nada, e acabar tendo a vontade de abraçá-lo e agradecer por tudo, com o rosto cheio de lágrimas, é prazeroso e normal. Quebrar tabus, sair do perímetro de todo dia, olhar as formas que as nuvens tem, e saber enxergar por de trás do muro, e acreditar naquilo que está vendo! Desrespeitar as regras, usar e abusar de seu próprio corpo, ler, sentir culpa, confiar, sentir segurança e saber inovar. Não saber fazer uma referência bibliográfica, não ter a certeza do que você quer ou gosta, ter apenas trinta minutos e terminar depois de duas horas. Amar e não ser amado. Odiar e ser odiado. Fazer tudo errado. Receber uma bronca daquela pessoa que você tanto cuida. Decepcionar, e ser decepcionado. Achar que você tem a cura para os vícios do mundo, e que extraterrestres existem. Tratar com formalidade a tia da Banca do Jornal. Deixar o troco para o garçom. Levar a bolsa para uma pessoa no ônibus. Fazer amizade em uma praia. Ser gordo. Ser magro. Ser um livro. Ser uma manchete. E nunca ter a certeza do que é melhor, sabendo que talvez a solução seja arriscar, ainda que não tenha nada para ser solucionado. E continuar todos os dias aprimorando as formas de aplicar a felicidade de cada dia. E terminar sem saber.

Nenhum comentário:

Postar um comentário