domingo, 12 de setembro de 2010

tempo ao que não pertence ao tempo


Não tomava banho. Adorava lenços umedecidos. Divertia-se assistindo programas de TV, mesmo que a televisão permanecesse desligada. Sentada no sofá, fumava charutos importados, comia pepinos, e conversava com pessoas que, para os outros, não existiam. Cantava obras dramáticas que ela mesma inventava. Marcava encontros consigo mesma. Mascava calcinhas. Não depilava as axilas e, em ocasiões especiais, tinha noites românticas com seu abajur.

Seu nome era Tânia, e ela se jogou do seu apartamento por vícios, desamores e muito rancor.

Seu destino será arder. Aos poucos ela irá se acostumar com a dor, e sua luxúria irá apenas comover.

Tão amada Tânia, tão.

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